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A Netflix apagou de seu serviço de streaming um episódio de um programa de comédia que criticava a Arábia Saudita após receber uma queixa oficial do reino sobre o conteúdo.
Segundo noticiou o jornal Financial Times, o programa em questão é “Patriot Act with Hasan Minhaj”, que tem como foco a Arábia Saudita. No episódio, o apresentador Minhaj – comediante americano de religião muçulmana e origem indiana – criticou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, do jornal Washington Post, morto em outubro do ano passado, dentro do consulado saudita em Istambul, na Turquia.
A crítica do humorista foi especialmente direcionada ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed Bin Salman. Além da crítica ao assassinato do jornalista, Minhaj também criticou a guerra liderada pela Arábia Saudita no Iêmen.
“Agora seria um bom momento para repensar nossa relação com a Arábia Saudita. E digo isso como muçulmano e como cidadão americano”, diz Minhaj na abertura do episódio censurado. Em seguida, o comediante afirma que a guerra no Iêmen “é a maior tragédia da era MBS” – iniciais pelas quais é chamado o príncipe herdeiro saudita.
A Comissão de Comunicação e Informação Tecnológica saudita notificou a Netflix, alertando que o episódio fere a lei contra crimes cibernéticos do país. No ofício, o órgão cita o Artigo 6º da lei, que classifica como crime a “produção, criação, transmissão ou armazenamento de material prejudicial à ordem pública, aos valores religiosos, à moral e a privacidade”. A punição para quem violar a lei pode chegar a cinco anos de prisão, mais uma multa de US$ 800 mil. O episódio censurado na Arábia Saudita pode ser conferido no YouTube e no conteúdo veiculado em outros países.
A Netflix afirmou que a remoção foi feita no intuito de colocar a empresa em consonância com as leis locais, mas a ação da gigante do setor de streaming despertou críticas na comunidade internacional.
Empresas de tecnologia vêm sendo acusadas de se submeterem a censuras para preservar lucrativos mercados consumidores. E a Arábia Saudita, onde dois terços da população tem menos de 30 anos, não apenas faz parte desta fatia, como se tornou uma grande influenciadora do setor através de vastos investimentos e compra de ações em companhias de tecnologia, como a Uber.
Após o anúncio da remoção do episódio, Minhaj criticou a postura das empresas de tecnologia e exortou as companhias do Vale do Silício a parar “de nadar em dinheiro saudita”.
Além da Arábia Saudita, outro país que tem grande influência na produção de conteúdos de entretenimento é a China. O país costuma submeter produções de Hollywood a um rigoroso crivo. Anualmente, 37 censores que definem quais serão os 34 filmes estrangeiros exibidos no país – uma cota estabelecida pelo governo.
Para passar pelo crivo, é comum que produtores americanos alterem o roteiro para agradar os censores, uma vez que o mercado chinês tem forte peso econômico. Em 2013, por exemplo, o blockbuster Homem de Ferro 3, teve o roteiro alterado para incluir produtos chineses.
Na versão chinesa, o herói protagonista do filme, Tony Stark, recupera suas forças bebendo Gu Li Duo, uma bebida a base de leite e cereais feita pela empresa chinesa Inner Mongolia.
Leia também: ‘Homem de Ferro 3’ e o desespero para agradar a China
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