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As três horas de viagem de ônibus de Adis Abeba, capital da Etiópia, para Ambo mostram a prosperidade do país. A estrada está bem pavimentada; as fazendas têm valas de irrigação e estufas de polietileno; os postes de eletricidade estendem-se pelas colinas arborizadas. O sinal de acesso à internet móvel é nítido e constante.
Mas há sinais, também, de turbulência política. Um caminhão do exército passa pela rua principal de Ambo. A polícia federal cerca a entrada da universidade local. Jovens desempregados jogando sinuca apontam para um prédio do outro lado da rua: era um banco, mas foi incendiado. Há três anos, 17 rapazes foram mortos a tiros pelos seguranças quando protestavam na porta, dizem os jovens.
Ambo tem uma reputação de ser um local de dissidência política. Em 2014, os primeiros protestos contra o regime autoritário começaram em suas ruas. Em razão dos protestos o governo decretou estado de emergência de seis meses em 9 de outubro do ano passado. Mas em 30 de março, apesar da relativa estabilidade política do país, o partido Frente Democrática Revolucionária Popular da Etiópia (EPRDF) prorrogou o estado de emergência por mais quatro meses.
O crescimento econômico tem sido uma prioridade do governo. A economia está crescendo a 7% ao ano, uma das taxas mais altas da África, embora a seca tenha, mais uma vez, atingido grande parte do país. O investimento estrangeiro continua a fluir com regularidade. Porém, esse progresso econômico não é suficiente para reprimir a revolta dos jovens contra o regime autocrático e as elevadas taxas de desemprego. Sem liberdade política, a base da legitimidade do governo é o cumprimento da promessa de proporcionar prosperidade a todos os seus cidadãos.
Fontes:
The Economist-Ethiopia enters its seventh month of emergency rule