O papa Francisco nomeou em 4 de janeiro 15 novos cardeais para integrar o grupo de prelados que irá eleger seu sucessor, e suas escolhas refletem a diluição do poder da burocracia italiana, que até então constituiu o cerne do catolicismo global. Os novos cardeais são originários de 14 países; só cinco são de países europeus escolhidos de uma maneira pouco convencional. O único italiano é o monsenhor Francesco Montenegro, que acompanhou o papa na visita a Lampedusa, uma ilha onde um grande número de vítimas desesperadas do tráfico de seres humanos e contrabando de pessoas refugiam-se.
A região da Ásia e do Pacífico tem uma representatividade expressiva, com cardeais de países de tradição budista como a Tailândia e Myanmar, além de Tonga e Nova Zelândia, e, talvez ainda mais interessante, seja a escolha do Vietnã, um país com o qual o Vaticano não tem relações diplomáticas. Os defensores da liberdade religiosa consideram o Vietnã um dos piores infratores das liberdades básicas do mundo, embora a situação seja volátil e sujeita a mudanças imprevisíveis. Uma das duas agências dos EUA que monitora a liberdade de crença, a United States Commission on International Religious Freedom (USCIRF), acha que o Vietnã é um “país que suscita uma preocupação especial”, em outras palavras, é um notório infrator, enquanto o Departamento de Estado que costumava situar o Vietnã nessa categoria, desde 2006 não emite sua opinião. Mas o Vietnã está disposto a discutir a questão da liberdade religiosa com os Estados Unidos e a União Europeia (UE) e permitiu que um grupo de especialistas da EU percorresse o país e desse opiniões.
O papa Francisco está, sem dúvida, decidido a reduzir a burocracia romana e de dar mais poder a igrejas locais e bispos em toda a sua diversidade.
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