O Domínio do Tráfico nos Conjuntos Habitacionais do Minha Casa, Minha Vida em Salvador
Nos últimos anos, diversos conjuntos habitacionais do programa federal Minha Casa, Minha Vida em Salvador têm sido alvo de facções criminosas que impõem seu domínio sobre essas comunidades. Moradores denunciam que traficantes expulsam famílias, especialmente aquelas com parentes ou amigos policiais, e comercializam ilegalmente os imóveis desocupados para financiar atividades ilícitas.
No Conjunto Residencial Fazenda Grande II, essa realidade é particularmente alarmante. Relatos indicam que, há pelo menos oito anos, traficantes atuam na região, expulsando moradores e revendendo ou alugando os apartamentos. Armados com fuzis e pistolas, os criminosos intimidam os residentes, tornando a vida no local insustentável para muitos.
A facção Bonde do Maluco (BDM), aliada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), é apontada como a principal responsável por essas ações. Indivíduos identificados como Thiaguinho, “Demenor”, Netinho e Danone seriam os líderes desse esquema, atuando como “corretores do tráfico” ao controlar a venda e o aluguel dos imóveis. Quem não obedece às suas ordens é ameaçado de morte, instaurando um clima de medo entre os moradores.
A comercialização ilegal dos imóveis ocorre frequentemente em plataformas online, como Facebook e OLX, com preços variando entre R$ 10 mil e R$ 20 mil. O dinheiro obtido é supostamente utilizado para a compra de armas e drogas, fortalecendo ainda mais o poder das facções na região.
Além das expulsões, os traficantes impõem regras rígidas aos moradores que permanecem nos conjuntos habitacionais. Qualquer contato com órgãos públicos, como solicitações de serviços de manutenção, deve ser previamente autorizado pelos criminosos, sob pena de represálias. Essa situação evidencia a ausência do Estado e a vulnerabilidade dessas comunidades frente ao domínio do crime organizado.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) reconhece o problema e afirma que operações policiais são realizadas regularmente nessas áreas para combater a atuação de facções criminosas. No entanto, moradores alegam que a presença policial é insuficiente para conter a violência e as ameaças constantes.
Especialistas em segurança pública apontam que a falta de infraestrutura e a ausência do Estado em algumas regiões contribuem para a expansão do controle territorial por parte do crime organizado. Eles defendem a implementação de políticas públicas integradas que promovam não apenas a segurança, mas também o desenvolvimento social e econômico dessas comunidades.
Enquanto isso, muitos beneficiários do Minha Casa, Minha Vida vivem sob constante medo, vendo o sonho da casa própria se transformar em um pesadelo imposto pela criminalidade.
Por tabuonline.com.br