com R$ 6,8 milhões investidos, 2ª etapa é retrato de abandono

Parque Bodocongó em Campina

Era junho de 2014 quando o então governador Ricardo Coutinho, na época no PSB, autorizou o início das obras do Parque de Bodocongó. A obra custou R$ 35 milhões e foi dividida em duas etapas. A primeira entregue em 2017 com orçamento de R$ 28 milhões.

A segunda inaugurada nos últimos dias da gestão Ricardo, em 2018, custando R$ 6,8 milhões.

Passados mais de 7 anos da gestão do governador João Azevêdo (PSB), o cenário encontrado no local é preocupante (para dizer o mínimo). A primeira etapa está aberta à população e serve, também, para abrigar bases da Polícia Militar.

Já a segunda etapa, onde funcionava o antigo IML, permanece de portões fechados.

Eles são abertos somente em dias específicos, para a realização de eventos. Quem passa em frente ao local não consegue ter acesso, a não ser que entre pela primeira etapa do Parque e caminhe por uma calçada que liga os dois pontos.

Não há placas informando, de forma clara, da existência do acesso interno. E também não há vigilantes no local para garantir que os portões fiquem abertos aos moradores.

Mas o descaso não se resume aos portões. As paredes estão desgastadas e é possível encontrar lixo no local. No último domingo, por exemplo, registrei sacolas de lixo espalhadas pela 2ª etapa do Parque. Um desleixo com um equipamento público milionário!

Aliados do Governo dizem que não há “orçamento”, que o espaço não foi incluído nas contas do Estado. Uma justificativa, cá entre nós, patética – considerando que o Governo teve 7 anos para incluir o Parque em seus gastos.

Em nota enviada ao Blog, a Secretaria de Esportes do Estado informou que a segunda etapa “permanece temporariamente fechada em razão de mais um furto de fiação elétrica, o que inviabiliza o funcionamento adequado da área, especialmente no turno da noite”.

“Além das medidas operacionais, reconhece-se a necessidade de um trabalho mais amplo de conscientização para coibir atos de vandalismo. Como medida complementar, está sendo articulado um diálogo com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) visando à ampliação das práticas esportivas no espaço”, diz a nota da Secretaria de Esportes do Estado.

Parque Bodocongó

Política atrapalha

Em 2021 o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (UB), e o governador João Azevêdo, mantiveram uma audiência para discutir convênios e parcerias entre Estado e Município. Uma dessas parcerias era a passagem da gestão do Parque para a prefeitura.

Até hoje, os planos e promessas não avançaram. As divergências e interesses políticos entre os dois gestores, que são adversários, certamente, impediram a parceria. Algo que acontece de forma rotineira em João Pessoa, onde a prefeitura administra parques lineares construídos pelo Estado.

A ausência de entrega do equipamento para a gestão municipal, contudo, não isenta o Governo do Estado de manter, com zelo, o local. No fim das contas, quem tem perdido com o abandono estatal é a população de Campina Grande. Que vê um investimento de quase R$ 7 milhões permanecer esquecido quase por completo, em um bairro carente de espaços de lazer como é Bodocongó.