Capivaras em áreas urbanas motivam campanha para orientar população da Paraíba

Semas e CRMV lançam campanha para orientar população sobre capivaras. Reprodução / Freepik

Elas são um fenômeno nas redes sociais! Com expressões tranquilas e comportamento pacato, as capivaras conquistaram o coração dos brasileiros. Viraram estrelas de memes, ganharam o apelido carinhoso de “capivárias” ou “capys”, inspiraram pelúcias, brinquedos e até músicas que viraram hit.

Animal virou febre nas redes sociais, sendo inspiração para artigos de papelaria e até brinquedos. Reprodução / Ana Júlia Costa

Mas por trás dos memes e da fama, vem um alerta importante: capivaras não são animais de estimação. Para orientar a população e prevenir riscos, o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB) e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas) lançaram uma campanha sobre o convívio com esses animais silvestres, cada vez mais presentes em áreas urbanas.

“Capivaras não são pets. Elas precisam viver em grupo, em ambientes amplos e naturais, com acesso à água e vegetação. Criá-las em residências, além de ilegal, é extremamente prejudicial ao bem-estar do animal”, afirma a médica-veterinária Lilian Eloy, que atua com animais silvestres.

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Além disso, a criação doméstica de capivaras é proibida. Elas são classificadas como animais silvestres pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Capivara flagrada atravessando a Avenida Epitácio Pessoa, em João Pessoa. Reprodução / TV Cabo Branco

Sobre o aparecimento de capivaras em praças, parques e margens de rios não é por acaso. Você talvez se lembre da cena: uma capivara atravessando calmamente a Avenida Epitácio Pessoa, em João Pessoa, uma das mais movimentadas da cidade, no ano passado.

Com o avanço urbano sobre áreas de mata e a poluição de habitats naturais, esses animais passaram a ocupar espaços onde ainda encontram água e vegetação — mesmo que isso signifique dividir a cidade com os humanos.

“A urbanização e a proximidade com rios e córregos fazem com que esses roedores encontrem, nos parques e margens urbanas, um novo ambiente para viver”, explica Juan Mendonça, gerente executivo de Fauna Silvestre da Semas.

Vale lembrar que esses animais têm um papel importante na natureza: ajudam na dispersão de sementes e na manutenção de áreas alagadas. Vivem em grupo, perto da água, e podem chegar a 10 anos de vida na natureza.

O que fazer ao encontrar uma capivara

As capivaras são sociáveis, mas continuam sendo animais selvagens. Isso significa que o contato direto pode ser perigoso — para elas e para quem se aproxima. A recomendação é não tocar, não tentar alimentar e manter distância segura.

“Quando a gente oferece comida, por exemplo, o animal pode mudar seu comportamento natural e ficar dependente. Sem contar que, se estiver doente ou com filhotes, pode reagir de forma imprevisível”, explica a veterinária.

Se o animal estiver ferido, a orientação é acionar o Batalhão da Polícia Ambiental pelo número 190. Juan Mendonça, gerente executivo de Fauna Silvestre da Semas, reforça: “Nunca tente capturar ou tratar o animal por conta própria. Ferimentos expostos, comportamento letárgico ou isolado podem indicar doenças ou lesões graves que precisam de avaliação profissional”.

Outro ponto de atenção é que as capivaras podem ser hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa. A simples presença do animal não representa risco imediato, mas o desequilíbrio ambiental pode aumentar a chance de transmissão.