A prefeitura de Cabedelo, na região metropolitana de João Pessoa, anunciou que fará um novo ajuste nas contas. Sem detalhar as medidas, a gestão informou que reavaliará contratos e sinalizou que reduzirá o número de servidores.
O anúncio é o segundo este ano, em apenas 7 meses da gestão André Coutinho (Avante). Em maio, a informação de um primeiro ajuste já tinha sido divulgada.
Como justificativa a prefeitura informou, também sem muitos detalhes, que os cortes são um reflexo da diminuição na arrecadação. Nos bastidores aliados dizem que empresas que operavam no Porto de Cabedelo deixaram o local, o que tem provocado prejuízos. Fala-se em uma redução de R$ 120 milhões por ano e também em inchaço na folha de pessoal.
Mas o movimento, na verdade, é no mínimo estranho.
Estranho porque, pelo menos nos dados disponibilizados pelo TCE, não há um ‘rombo’ nas receitas tão significativo. Já a relação entre despesas e receitas, conforme dados do TCE, estão em dificuldade desde o início do ano.
Estranho, mais ainda, porque André Coutinho assumiu uma gestão de continuidade. Ele foi apoiado pelo ex-prefeito Vitor Hugo (Avante) nas eleições do ano passado. E antes disso esteve sentado na cadeira de Presidente da Câmara Municipal, por onde passou boa parte das contas municipais.
Portanto, é difícil acreditar no relato de ter sido pego de surpresa com os desajustes financeiros. Se eles existem, possuem também as digitais do atual gestor.
Para além da lógica das contas públicas, contudo, motivações políticas também não estão descartadas. Um componente que extrapola a calculadora das despesas e receitas e pode permanecer igual à nota da própria prefeitura sobre o tema: genérica e sem a clareza necessária para esse momento.