A declaração do senador Ciro Nogueira, um dos principais caciques da Federação União Progressistas no país, de que não há garantia de palanque para o presidente Lula (PT) nos Estados onde o agrupamento tiver candidatura própria, expõe um cenário que tem há tempos tirado o sono de muitos petistas paraibanos.
Eles se preocupam com a possibilidade do presidente ficar sem palanque no Estado, ou ter aquele tipo de construção de “fantasia”, onde as candidaturas estão focadas somente no próprio umbigo – entregando à sorte a disputa nacional.
E, nesse momento, as águas estão turvas no quesito ‘palanque’ estadual para o petismo. É que o nome apontado por parte da base de João Azevedo (PSB) como ‘candidato natural’ a governador, Lucas Ribeiro, é exatamente da Federação de Nogueira – um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
E convenhamos: Lucas nunca teve, também, posições alinhadas com o presidente e suas bandeiras.
Já Ciro não esconde de ninguém a pretensão de levar a Federação para apoiar uma candidatura bolsonarista, ocupando, quem sabe, uma candidatura a vice-presidente. Nacionalmente é esse um movimento consolidado. Com a orientação, inclusive, para entrega de cargos junto ao Governo Federal.
Em solo paraibano, nas últimas semanas, integrantes da família Ribeiro têm assegurado o apoio a Lula – mesmo mantendo-se distante da defesa do petista no Estado nos últimos anos. Em paralelo, eles também buscam antecipar a definição sobre a chapa.
A tese propagada de proximidade com o presidente tem o objetivo de ampliar o convencimento do grupo mais à esquerda em torno de Lucas – apesar dos dirigentes do PT, PC do B e PV reclamarem publicamente que não foram convidados para a discussão.
O tio de Lucas, Aguinaldo Ribeiro (PP), já foi ministro da ex-presidente Dilma Rousseff, mas acabou votando favorável ao impeachment dela.
Agora o grupo dele busca similaridades com o PT e com Lula. E para isso asseguram que, quando João deixar o Governo e Lucas assumir a ‘caneta’ do Palácio da Redenção, irão ser fiéis e incorporar incondicionalmente o projeto de reeleição do presidente.
Há, contudo, quem duvide disso. Mas caberá ao PT acreditar e embarcar, ou não, na tese.