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De direita era Paulo Maluf

Foto/Câmara dos Deputados.

Paulo Salim Maluf. Paulo Maluf. Doente e afastado da atividade política, ele vai fazer 94 anos daqui a menos de um mês. Os mais jovens nem devem lembrar da sua figura.

Paulo Maluf foi prefeito de São Paulo por duas vezes. Primeiro, em 1969, nomeado pelo governador Abreu Sodré. Depois, em 1993, eleito pelo voto popular.

Paulo Maluf também foi governador de São Paulo. Eleito pela via indireta, tomou posse em 1979. Dissidente, derrotou Laudo Natel, candidato oficial, na convenção.

O maior sonho de Paulo Maluf era ser presidente da república. Seria o primeiro presidente civil depois da ditadura. No colégio eleitoral, foi derrotado po Tancredo Neves.

Não desistiu da ideia. Disputou em 1989, na volta das eleições diretas para presidente. Fernando Collor e Lula disputaram o segundo turno. Collor foi o vencedor.

Em seu tempo, Paulo Maluf era o que havia de pior na política. Inventaram até o verbo “malufar”. Malufar era sinônimo de roubar. Roubava, mas fazia, diziam os aliados.

Na última terça-feira (12), Reinaldo Azevedo entrevistou o presidente Lula. Ao falar sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula disse o seguinte a Reinaldo Azevedo:

“Eu não considero o Bolsonaro uma pessoa de direita. De direita era o Maluf, que a gente fazia disputa, perdia ou ganhava. Era uma coisa civilizada. O Maluf nunca escondeu a divergência dele nossa e nós nunca escondemos a divergência dele. Entretanto, era uma pessoa civilizada que sabia o que estava disputando”.

E seguiu: “Esse cidadão (Bolsonaro) não sabe o que é democracia. Ele não sabe o que é civilidade. Ele criou um mundo à parte para ele e sabe que esse mundo não existe. Um mundo precisa de civilidade, de regras, as pessoas não podem se xingar, se ofender. As pessoas precisam conversar, tocar na mão, olhar no olho um do outro”.

A fala de Lula sobre Bolsonaro e Maluf chamou minha atenção. Chamou porque sou do tempo em que fazer qualquer comentário positivo sobre Maluf era impensável.

Mas o presidente Lula não está errado. O problema é que, com Jair Bolsonaro, a extrema-direita brasileira foi tão longe, no que ela tem de pior, que Lula consegue enxergar a existência de algo viável nas disputas eleitorais com Paulo Maluf.

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