Técnico icônico do Auto Esporte em 1987, Vitor Hugo morre aos 73 anos em João Pessoa

O futebol paraibano perdeu nesta terça-feira mais um de seus personagens emblemáticos: Vitor Hugo Barros, de 73 anos, morreu em João Pessoa depois de travar uma luta contra o câncer. Ele marcou época no Auto Esporte e no Botafogo-PB, sendo campeão paraibano pelos dois clubes de João Pessoa.

Auto Esporte

Volante pegador, Vitor Hugo começou a carreira nas divisões de base do Internacional. No Colorado, foi quatro vezes campeão gaúcho, entre 1971 e 1974. Depois de uma rápida passagem pelo Coritiba, acertou com o rival Grêmio, por onde conquistou outro título estadual, em 1980.

Em 1981 foi para o Palmeiras, onde viveu uma grande fase. Depois disso, teve a sua primeira experiência no Nordeste, defendendo as cores do Santa Cruz em 1982 e 1983. Com o Botafogo-PB classificado para a Taça de Ouro de 1985, Vitor Hugo desembarcou no futebol paraibano, já com 33 anos. No ano seguinte, foi capitão do time campeão estadual.

Vitor Hugo, o terceiro em pé da esquerda para direita, foi técnico e jogador na campanha do título estadual de 1986. Reprodução / Revista Placar

No entanto, o que marcou aquela temporada de 1986 foi um situação inusitada: Vitor Hugo foi campeão como treinador e também jogador. O historiador Raimundo Nóbrega lembra da história em seu livro, Memórias do Botafogo da Paraíba.

“Durante o 2º turno, o técnico e jogador Victor Hugo entrou em litígio com a diretoria por falta de pagamento de salário. Resolvido o impasse, ficou acertado que Victor Hugo seria só jogador, e foi contratado Mauro Fernandes em seu lugar. Mauro, em primeiro ato, dispensou o meia Lula, titular da equipe, que tinha ido pra Campina Grande curtir o São João. O Paraibano foi suspenso no mês de junho para as comemorações do São João. Mas Mauro queria o time treinando. Mauro aproveitou a pausa do Campeonato e pediu a Victor Hugo que fizesse um trabalho físico intensivo que ele, Vitor Hugo, voltaria a jogar como titular, no lugar de Lula. Finalmente, no início de julho o estadual retomou já com a decisão em melhor de três”, escreveu Raimundo.

O Botafogo-PB acabou campeão depois de vencer as duas partidas contra o Treze. No ano seguinte, já como ídolo alvinegro, Vitor Hugo recebeu uma proposta de João Máximo Malheiros, então presidente do Auto Esporte, para comandar a equipe. A ida acirrou ainda mais a rivalidade entre os dois times da capital, na época, protagonistas do Campeonato Paraibano.

Vitor Hugo, o primeiro em pé da esquerda para direita, foi o treinador campeão paraibano de 1987 com o Auto Esporte. Reprodução / Revista Placar

Deu certo. Com Vitor Hugo, o Auto saiu de uma fila de 29 anos e ganhou o estadual de 1987 numa final contra o mesmo Botafogo-PB. Foi o último capítulo de Vitor Hugo na história do nosso futebol. Mas não abandonou a cidade que passou a amar. Radicado em João Pessoa, só saiu da capital paraibana quando foi convidado para comandar um projeto de futebol em Porto Rico.

Nos últimos dias, retornou a João Pessoa para dar sequência ao tratamento contra o câncer. Nesta terça-feira, acabou perdendo essa última batalha. O corpo de Vitor Hugo agora será enterrado em Porto Alegre.

Riva lamenta morte do amigo

Um dos jogadores mais próximos de Vitor Hugo em João Pessoa era o ex-atacante Riva, que estava no time campeão paraibano de 1986 pelo Botafogo-PB.

– Antes de vir para o Botafogo-PB eu via muito falar em Vitor Hugo. Era um jogador muito conhecido pelas passagens por Grêmio e Palmeiras. Via ele na televisão e de repente estava jogando ali comigo, em meu primeiro ano de Botafogo-PB. Nós fomos campeões, com o Vitor Hugo jogando de volante e também treinando o time – lembra Riva.

Riva com a camisa do Botafogo-PB na década de 1980. Arquivo pessoal

O ex-atacante disse que da convivência nasceu uma amizade que perdurou até os dias atuais. E lembra com carinho das caronas que recebia do volante/treinador.

– A gente morava num hotel no centro de João Pessoa. Ele passava por lá todos os dias para nos levar para o treino. Era uma pessoa maravilhosa. Depois perdemos um pouco do contato quando ele foi para Porto Rico. Só voltamos a nos falar agora, quando retornou para João Pessoa para tratamento de saúde. Estávamos orando pela recuperação dele. Infelizmente perdemos um grande amigo – completou Riva.

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