Prefeitura de João Pessoa e o olhar sobre a Saúde Única, onde manter sociedade e animais em harmonia é a palavra de ordem
Lembra de Alick Farias, personagem da nossa primeira reportagem da série‘Saúde Única: o cuidado integral de animais, humanos e meio ambiente’? Pois bem! Ela não está sozinha nesse panorama onde a necessidade do fortalecimento da Saúde Única é urgente. No Centro de Vigilância Ambiental e Zoonoses de João Pessoa, mantido pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Alick convive com vários profissionais integrantes de uma equipe coordenada pela gerente de Vigilância Ambiental e Zoonoses, Pollyana Dantas.
Do grupo, fazem parte também os médicos-veterinários Kalliny Feliciano e Lucas de Oliveira. Juntos, eles têm transformado a forma como todos – profissionais e sociedade – enxergam o Centro de Zoonoses, ambiente que já deixou, há tempos, de ser um local onde, para proteger o humano, o animal era sacrificado.
Lá, o maior objetivo é promover a vida como um todo e, assim, fazer os bichinhos voltarem a conviver com os humanos em harmonia. Na visão deles, um cuidado que supera a Saúde Única, porque se trata mesmo é de amor. “A função do Centro de Zoonoses é evitar a disseminação de doenças zoonóticas, no sentido de alertar a população como prevenir. É sempre melhor trabalhar a prevenção do que depois propriamente a doença. Mas, quando ocorre a doença, nada impede que haja um tratamento adequado, coerente, que eleve a imunidade do animal, que faça com que esse animal tenha uma perspectiva maior de vida, sem colocar os demais animais e a população em risco”, informa Pollyana Dantas.
Para a gerente, fazer com que os bichinhos sobrevivam é a palavra de ordem por lá. “Hoje só se concebe eutanásia quando é um caso irreversível, quando o animal realmente está em sofrimento profundo e não há um tratamento para isso, não existe mais uma perspectiva de se tratar. A gente faz isso por amor, porque sabe que ele vai se reabilitar. Fazemos tudo da forma mais coerente, da melhor forma possível para o animal e para os tutores, que vão cuidar depois”, acrescentou.
Vida em equilíbrio – Um exemplo prático do que tem acontecido no Centro de Zoonoses de João Pessoa é o caso de Diana, uma pitbull linda e muito dócil que está no local há seis meses. Quando a cadelinha cruzou as portas do “hospital do amor” [assim minha emoção passou a entender o Centro de Zoonoses], estava completamente debilitada.
Diana adoeceu muito e poderia ter se tornado um vetor de transmissão para a população. No entanto, a cadelinha teve seu destino transformado. O que mudou na vida de Diana que a fez sobreviver e hoje estar pronta para conseguir uma adoção responsável em um lar onde será feliz e fará os humanos felizes? O conceito humanizado do grupo que atua no órgão público da Capital paraibana.
Para os médicos-veterinários do Centro de Vigilância Ambiental e Zoonoses, a vida só acaba no último suspiro. A luta deles é para que a vida continue, porque enquanto há vida, há esperança. E, sim, é preciso repetir a palavra vida muitas vezes, pois quando Alick, Kalliny, Lucas e Pollyana vêm chegar ali um novo animal, é somente nisso que eles apostam, na vida.
“A gente sabe que nem sempre vence todas as batalhas. Mas, a gente tenta, dá o nosso máximo para reabilitar todos os animais. E quando não conseguimos, realmente ficamos muito tristes com a situação”, desabafou Lucas Gomes com ar de quem não desiste fácil dessas vidas e empreende todos os esforços para a recuperação de cada um dos bichinhos que ficam aos seus cuidados.