pesquisador refaz passos de explorador que inspirou personagem do cinema
Trabalhar 9 anos na mesma profissão e deixar tudo para trás para seguir um sonho. Essa é uma história muito explorada em filmes, livros e outras artes. Mas é também a história real de Maurício Acklas. O pesquisador e aventureiro é uma espécie de Indiana Jones brasileiro, e está numa jornada para recriar os passos do explorador que inspirou o icônico personagem do cinema.
Percy Fawcett foi um arqueólogo e explorador britânico que viveu no século XX e suas lendas de expedições serviram de base para os filmes de Indiana Jones.
“Coronel”, como era conhecido o inglês, também tentou achar cidades perdidas e artefatos preciosos tal qual o personagem dos cinemas, e em uma dessas explorações, no Brasil, ele desapareceu, o que motivou a criação de outra lenda: a do próprio desaparecimento dele. Ao ter contato com essa história, que até os dias de hoje não tem um resultado concreto, Maurício Acklas decidiu largar o cargo de chefia departamental na empresa de cruzeiros que trabalhava e caiu no mundo.
O seu projeto de expedições incluisive tem a Paraíba no trajeto. Ele passou pela Pedra do Ingá, para além de recriar os passos de Fawcett descobrir e valorizar a história do desenvolvimento dos povos da América Latina e seu surgimento.
O Jornal da Paraíba conversou com o explorador, que relatou como tudo começou e o motivo pelo qual a Pedra do Ingá está no roteiro da expedição. No geral, a epopeia de Maurício vai durar 100 dias, passar por sete países, 56 sítios arqueológicos e percorrer 32 mil quilômetros.
O abandono da carreira pelo sonho
Maurício Acklas é formado como ator pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro. No entanto, dedicou grande parte de sua vida a viver nos mares, mais precisamente 9 anos. Isso porque ele trabalhou como coordenador de operações de bar para uma importante empresa de transporte marítimo.
Mesmo em um cargo de chefia, que coordenava um importante setor dentro dos cruzeiros oferecidos pela empresa, ele decidiu parar de rodar o mundo através de navios e se entregar a um sonho, que surgiu a partir do primeiro contato com a história de Fawcett.
“Em 2019 desmbarquei do navio para mais uma merecida férias. Logo depois veio a pandemia e a indústria parou. Decidido a conhecer o Brasil comecei a pesquisar lugares e eventos misteriosos no paíse me deparei com a história de Percy Fawcett. Imediatamente fui fisgado e comecei uma profunda pesquisa bibliográfica e de campo e depois disso não parei mais. Os aspectos históricos e a enorme profusão de eventos e personagens me fez perceber que o verdadeiro tesouro de Fawcett era cultural”, afirmou.
Depois dessa decisão, ele fundou a Guayamu Cultural, empresa que se apresenta como produtora audivisual. Maurício tem um canal no Youtube que mostra um pouco das expedições que faz desde então. Com essa nova meta, o pesquisador mudou o curso da própria vida.
O Coronel Fawcett
A história do explorador inglês é muito reconhecida internacionalmente. Nascido no Reino Unido, em 1867, Fawcett, ainda jovem, se alistou na Real Artilharia de Sua Majestade, um órgão que fazia serviços reais. Nesse primeiro momento, ele foi enviado para diversos países e teve contato com muitas culturas. Inicialmente, passou pro Hong Kong, Malta, Irlanda e países da África.
Foram nesses primeiros passos fora da Inglaterra que ele se afeiçoou com o mundo das expedições e da arqueologia. Ele começou a fazer as próprias aventuras, financiadas por magnatas e pessoas de alto padrão. No Brasil, inclusive, algumas expedições de Fawcett foram pagas por Assis Chateaubriand, empresário que trouxe a Televisão para o país.
O objetivo central das expedições de Fawcett eram grandes mistérios. O principal deles: encontrar uma cidade perdida, a chamada “Cidade Perdida de Z”. O explorador, com base em alguns documentos históricos, acreditava que a cidade poderia estar no Mato Grosso, na região do Xingu, na Serra do Roncador, em 1925.
Ele se baseou em um documento chamado de “512”, no qual existe um mapa de 1754 de uma Cidade Perdida. Esse documento está guardado na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Ele é alvo de diversos pesquisadores que tentam entender de qual lugar a documentação está falando e se, de fato, se trata de algo desaparecido.
Buscando encontrar essa cidade, Fawcett desapareceu no Brasil. Há diversas possibilidades que tratam do sumiço dele na expedição para encontrar o que tanto procurava, mas nenhuma é tratada como fato, permanecendo ainda um mistério até os dias de hoje.
As lendas sobre o desaparecimento dele e do filho, Jack, que também veio ao Brasil, vão de encontrar portais para outras dimensões a morte pelo contato com uma tribo indígena.
Depois do sumiço, pelo menos três expedições para encontrá-los em Mato Grosso foram realizadas. Uma delas, inclusive, achou uma ossada atribuída inicialmente ao corpo de Fawcett. No entanto, após análise do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e pelo Royal Anthropological Institute, em Londres, constataram que o material era de outra pessoa.
A expedição na Pedra do Ingá, na Paraíba
O motivo pelo qual a expedição de Maurício Acklas passou pela Paraíba, nesta semana, também remonta a uma história de Fawcett. De acordo com o pesquisador, o inglês encontrou similaridades entre o já mencionado documento 512 e um outro artefato, uma estatueta feita de basalto, que foi dada de presente por Arthur Conan Doyle, escritor que deu vida a Sherlock Holmes.
Essa estatueta, assim como o 512, tem inscrições que podem ser similares também ao que se encontra na Pedro do Ingá. A expedição para a Paraíba é justamente para comparar as incrições e estudá-las.
A pedra do Ingá na Paraíba é famosa mundialmente e atrai teóricos de todo o globo, que associam as suas inscrições a Fenícios, Egípcios, Árabes, Extra Terrestres ou: Atlante. Nossa expedição irá investigar as inscrições da Pedra do Ingá em busca de semelhanças com as inscrições mencionadas por Fawcett no Manuscrito 512 e tentar estabelecer as possíveis semelhanças entre as evidências apresentadas, disse.
A Pedra do Ingá é um sítio arqueológico famoso por suas inscrições rupestres pré-históricas, está localizada no município de Ingá, Paraíba, a cerca de 45 km de Campina Grande. As inscrições são entalhadas em uma grande rocha que retratam figuras humanas, animais e formas geométricas, com significados que ainda intrigam pesquisadores e cientistas.
Depois da Pedra do Ingá, a expedição de Acklas ainda vai cobrir outros países. Segundo ele, não vai parar apenas no Brasil e no Nordeste.
A expedição vai cobrir ainda Piaui, Mato Grosso e Acre no Brasil, além de diversos sitios importantes na Argentina, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. Serão 56 sítios que contarão a história da formação das civilizações em nosso continente, ressaltou.