Ícone do site OPINIÃO E NOTÍCIA

o ‘sim’ que devolveu a visão a Elizangela e fez nascer a paixão pela corrida – Agência de Noticias do Governo de Mato Grosso do Sul

Setembro não é apenas o mês das flores. É também o Setembro Verde, campanha que simboliza a esperança de vida por meio da doação de órgãos. Cada transplante é a prova de que o “sim” de uma família pode transformar a dor em amor, além de devolver sonhos, cores e horizontes a quem espera por uma nova chance.

Foi assim com a servidora Elizangela Ximenes de Oliveira, de 41 anos, que passou boa parte da vida convivendo com a dificuldade de enxergar. Aos 14 anos, quando uma professora de física percebeu que ela forçava os olhos para entender o que estava no quadro, começou uma longa jornada de consultas, diagnósticos equivocados e óculos cada vez mais fortes.

O que parecia apenas um “alto grau” era, na verdade, ceratocone, uma doença que causa o afinamento e a deformação da córnea. “Na infância tive bronquite alérgica, e qualquer poeira me fazia coçar muito os olhos, depois de adulta descobri que isso acelerou o processo de deformação da minha córnea”. Na época ela vivia subindo o grau dos óculos e chegou a usar lentes de contato. 

AVISO DE CONVOCAÇÃO – PREGÃO Nº 24/2025 – APRESENTAÇÃO DO SISTEMA. – Prefeitura Municipal de Bonito

Centro em Ação promove segurança e desenvolvimento no coração de Campo Grande – CGNotícias

Depois de passar por vários profissionais, conheceu o Dr. Alexandre Fialho, no Visão do Hospital de Olhos. Que aceitou o desafio de tratar as complicações do ceratocone. “No direito eu tinha 20 graus que era o que dava para ser aferido. No esquerdo era 7 graus. Ai ele falou: vamos começar colocando o anel de ferrara”. 

Foi esse mesmo médico que colocou Elizangela na fila do transplante de córnea em 2019. A espera foi marcada pelo medo e pela esperança, até que, em novembro de 2023, recebeu a ligação que mudaria tudo. “Era uma sexta-feira. Disseram que havia chegado a minha córnea e eu tinha 20 minutos para responder. Foi emocionante. Fiz a cirurgia em Dourados e deu tudo certo. Graças a Deus e à generosidade de uma família que disse sim”.

O impacto foi imediato. Após a recuperação, Elizangela descreve a experiência como se tivesse passado a enxergar em “HD”. “Antes eu tinha menos de 15% da visão no olho direito. Hoje tenho mais de 80%. Passei de mais de 20 graus de miopia para 1,25. Foi como se eu tivesse ganhado uma nova vida”, comemora.

Serpente do Bioparque Pantanal passa por exame de rotina que reforça cuidado com bem-estar animal

Prefeitura retoma área da antiga Associação de Moradores da Marambaia – Prefeitura Municipal de Bonito

Além da visão, o transplante trouxe também um novo amor: o esporte. Como parte do processo de recuperação, só caminhadas leves eram permitidas. Mas, pouco a pouco, Elizangela descobriu na corrida uma nova paixão. “Vi um livro na farmácia sobre correr 5 km em oito semanas e aquilo ficou na minha cabeça. Comecei a treinar e, em junho deste ano, participei da minha primeira corrida, em Jateí. Em setembro, corri em Dourados. Agora quero chegar aos 7 km”, conta, animada.

Mais do que números, cada passo representa gratidão. “Receber uma córnea é sentir um amor gigantesco. Imagino a dor da família, mas essa dor foi transformada em esperança para mim. Por isso, peço que as pessoas conversem com seus familiares e deixem claro o desejo de doar. O ‘sim’ pode mudar uma vida inteira, como mudou a minha”, diz emocionada.

Para Elizangela, o Natal de 2023, menos de um mês após o transplante, foi o mais especial de todos. Foi o primeiro celebrado com a certeza de que a vida tinha ganhado novas cores. “Ainda não podia estar com todo mundo por conta da recuperação, mas foi o Natal mais emocionante da minha vida. Hoje, cada vez que corro, é como se dissesse obrigada à família que me deu esse presente”, finaliza.

Mato Grosso do Sul

Em Mato Grosso do Sul, o gesto de uma família como a que mudou a vida da Elizangela ainda é exceção. A negativa familiar para doação ultrapassa 60%, o que significa que, em mais da metade das entrevistas realizadas com familiares de potenciais doadores, a autorização não é concedida — mesmo quando há possibilidade clínica de salvar vidas.

Apesar disso, os números da Central Estadual de Transplantes da SES (Secretaria de Estado de Saúde) apontam para avanços importantes: de janeiro a setembro de 2025, foram realizados 218 transplantes de córnea, 39 de fígado, 16 de rim e 4 de ossos, beneficiando diretamente pacientes que aguardavam por uma nova chance.

Esses dados reforçam a importância do Setembro Verde como um mês de conscientização e de diálogo em família, para que mais histórias de esperança, como a da Elizangela, possam ser escritas.

Mireli Obando, Comunicação Detran-MS
Foto: Arquivo pessoal e Rachid Waqued

Sair da versão mobile