Fotos: Raissa Alves (Programa de estágio )
Fazer bolos pode ser uma distração, um agrado para a família e os amigos, mas também pode se tornar uma fonte de renda importante, capaz de proporcionar aumento nos ganhos da família ou mesmo resultar em autonomia financeira para a mulher. Foi com esse propósito, buscando propiciar uma alternativa para o incremento de renda, que a Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria da Mulher (Semul), em parceria com o Instituto Vida de Confeiteira, passou a oferecer oficinas mensais para o ensino de técnicas de confeitaria. As Oficinas de Bolo são realizadas, em quase todas as suas edições, na Universidade do Trabalhador, Empreendedor e Negócios (Uniten), na Vila Barão. O espaço é cedido pela Secretaria de Relações do Trabalho e Qualificação Profissional (Sert) e foi o mesmo local escolhido para a aula desta terça-feira (18).
A ação, desta vez, reuniu mulheres que participam das aulas de ginástica e forró do projeto Forrozin/#vemdançar, iniciativa conjunta das Secretarias da Mulher e da Saúde (SES). Assim, vieram grupos doa bairros Guaíba e Júlio de Mesquita, agora com um novo propósito, o de aprender ou aprimorar técnicas básicas de confeitaria utilizadas na produção de bolos artesanais. Além das dicas para fazer bolos bonitos e saborosos, as instrutoras também compartilham informações importantes para as interessadas em fazer dessa atividade uma nova profissão e uma fonte ou complemento de renda.
“Este curso tem tido uma aceitação muito grande. E, somando-se aos ensinamentos valorosos que todas podem acrescentar à sua experiência, também é oferecido, pelos nossos parceiros, um kit com os utensílios para a produção dos bolos e, ainda, uma cesta com ingredientes básicos para todas começarem, desde já, a produzir os bolos em casa”, conta a secretária da Mulher, Rosangela Perecini.
Histórico de superações
A instrutora Angélica Hubner, do Instituto Vida Confeiteira, contribui com seu conhecimento acumulado em uma trajetória de mais de 30 anos como boleira, além de trocar informações sobre sua vida pessoal, repleta de ensinamentos e superações. E, ao seu lado esteve também Sandra Falcão, uma das oito diretoras que conduzem o Instituto Vida de Confeiteira. Assim como Angélica, Sandra está no grupo desde seu início, fundado em maio deste ano, mas que passou a existir, mesmo que informalmente, no período da pandemia. “No início eram várias pessoas em diferentes locais, sendo a Angélica e outras duas amigas, a Dani e a Neiva, morando nos Estados Unidos. Mas, aqui no Brasil, também estávamos espalhadas, pelos estados de São Paulo, no Sul, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Porque o que nos inspirou foram as lives, com aulas de confeitaria. Até nos decidirmos nos juntar. Outras pessoas também quiseram participar, mas acabamos formando esse grupo de oito mulheres, que foram as que realmente levaram o projeto adiante”, diz Sandra.
Outro fato que a impulsionou no caminho para a formação do grupo foi um momento difícil pelo qual passou, com a perda de sua irmã caçula. Fazer bolos foi, portanto, uma forma de lidar positivamente com a realidade e se distrair. Passou a fazer bolos em casa e aceitar encomendas de amigos. “Eu dava aulas de modelagem. E o grupo passou a indicar o trabalho umas das outras. Até nos encontrarmos pela primeira vez, em um evento de confeitaria. A partir daí surgiram os projetos, vieram as feiras de negócios e as oficinas de bolos, no formato que fazemos hoje. Mas nosso intuito ainda é crescer muito mais, alcançando outros públicos, em outros estados brasileiros, especialmente, atendendo famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade. É o público que a gente mais quer ajudar. Mostrando que não é preciso depender para sempre de ajuda, que elas podem fazer mais por si mesmas e alcançar independência financeira”.
Entre as alunas do dia, estava Ana Maria Baptista, moradora do bairro Santa Rosália. Acostumada a fazer bolos em casa, principalmente para a própria família, ela se mostrou encantada por poder aprender ainda mais com a aula das instrutoras profissionais. “Eu faço bolos há muito tempo, mas aprendi algumas dicas e técnicas aqui que eu não conhecia. Além disso, me senti muito acolhida aqui no grupo. Pela delicadeza e pelo profissionalismo da equipe da Secretaria e pelas instrutoras também”, opinou.
Outra participante foi Neusa dos Santos Neves, moradora do bairro Piazza Di Roma, que, apesar de também já ter feito muito bolo na vida, pela primeira vez pôde participar de uma aula específica sobre o assunto. “Eu estou aguardando para fazer uma cirurgia, bastante delicada, na coluna. Eu já fiz uma antes e estou aguardando, ansiosa. Então, para mim, fazer essas aulas é uma forma de evitar a depressão. Porque quando eu penso, fico com medo do que está por vir, pela minha saúde, pela perícia, que não sei se vai dar certo, pelo medo de ficar sem receber, ficar sem dinheiro. Gostei muito da aula aqui hoje, Percebi que não sabia fazer nada com receita, aqui a gente aprende as melhores técnicas, a usar as medidas. Sem falar na acolhida de todos aqui, que é muito boa”, ela finaliza.

