Ivan Lins faz 80 anos
Ivan Lins faz 80 anos nesta segunda-feira, 16 de junho de 2025. O compositor se projetou nacionalmente em 1971, quando Elis Regina gravou o samba Madalena.
Ivan Lins também se notabilizou apresentando o Som Livre Exportação, na TV Globo. O programa recebia grandes atrações e novidades da música popular brasileira.
É dessa época a música O Amor é o Meu País, que, equivocadamente, muita gente entendeu como uma canção ufanista de celebração à ditadura militar.
“Eu vi, eu vi/O amor é o meu país”. A letra era clara. O país ao qual a letra se referia era o amor. Jamais o Brasil do “Ame-o ou deixe-o” do tempo de Médici.
Em seus primeiros discos, lançados pela Phonogram, Ivan Lins tinha como parceiro o letrista Ronaldo Monteiro de Souza. É dele a letra de Madalena.
O grande parceiro de Ivan Lins surgiu um pouco depois. Vítor Martins escreveu as letras das melhores e mais importantes melodias compostas por Ivan Lins.
Ivan Lins e Vítor Martins formaram uma das grandes duplas de autores da canção popular do Brasil. Também se projetaram nas lutas contra a ditadura militar.
Há um terceiro nome fundamental na carreira de Ivan Lins, o do pianista e arranjador Gilson Peranzzetta, que dividiu estúdios e palcos com o compositor.
Ivan Lins é da linhagem dos compositores populares que fazem música ao piano. É inspirado melodista, hábil harmonizador e bom intérprete do que compõe.
Ivan Lins não foi somente lançado por Elis Regina quando ela gravou Madalena. Ao longo dos anos 1970, Ivan Lins teve em Elis Regina a sua melhor intérprete.
Fortes evocações do tempo em que foram gravadas, canções como Cartomante e Aos Nossos Filhos encontraram em Elis Regina suas versões definitivas.
Simone também foi grande intérprete do cancioneiro da Ivan Lins e Vítor Martins. Foi a baiana que popularizou Começar de Novo, tema da série Malu Mulher.
Em Ivan Lins, tem samba, bossa nova, Tom Jobim, jazz e soul music. Se prestarmos atenção em Cantoria, do álbum Nos Dias de Hoje, tem até Beatles.
Ivan Lins fez muito sucesso no Brasil e conquistou espaços importantes nos Estados Unidos. Foi gravado por grandes vozes do jazz e reconhecido por Quincy Jones.
Músico extraordinário, gigante da indústria do disco, o maestro Quincy Jones adorava Ivan Lins e, dele, botou em seus álbuns as melodias de Velas e Setembro.
O período de maior criatividade na trajetória de Ivan Lins é a década de 1970. Foi quando gravou na EMI-Odeon a trilogia formada pelos álbuns Somos Todos Iguais Nesta Noite (1977), Nos Dias de Hoje (1978) e A Noite (1979).
Nesses discos, Ivan Lins tem Vítor Martins como parceiro na autoria das canções e Gilson Peranzzetta como arranjador, diretor musical e músico da sua banda.
A trilha de sucessos seguiu com o LP Novo Tempo (1980), e, em 1984, o disco de duetos Juntos celebrou o encontro de Ivan Lins com Vítor Martins e Gilson Peranzzetta.
Nos anos 1990, houve um momento em que Ivan Lins saiu do seu vitorioso caminho autoral para reler a música de Noel Rosa no álbum triplo Vivanoel.
Na MPB, há o grupo de compositores que conquistaram dimensão nacional nos festivais da segunda metade da década de 1960. Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Edu Lobo – uma geração de ouro.
Ivan Lins é de um outro grupo de compositores, os que se consolidaram na década de 1970. Ao seu lado, estão João Bosco, Gonzaguinha e, um pouco depois, Djavan.
Ivan Lins é um compositor sofisticado, e isso garantiu a ele o reconhecimento entre cantores e músicos de jazz dos Estados Unidos. Mas o refinamento da sua música não o afastou do êxito comercial nem do aplauso de um público mais popular no Brasil.
Neste 16 de junho de 2025, Ivan Lins entra para o grupo dos octogenários da música popular brasileira. Aos 80 anos, se mantém como autor de um cancioneiro que tem luz própria e ostenta uma admirável resistência à ação do tempo.