pela primeira vez, a mestra paraibana revela bastidores de sua trajetória única

A história da educação de alto nível na Paraíba não pode ser contada sem a presença absolutamente marcante da professora Zarinha, cuja trajetória se confunde com a consolidação de uma cultura de excelência em Língua Portuguesa, Literatura e História da Arte. Muito além do perfil tradicional de educadora, Zarinha tornou-se um verdadeiro ícone intelectual, admirada por alunos, famílias e pelos círculos mais exigentes das escolas particulares de João Pessoa. Sua influência, baseada em rigor acadêmico e sensibilidade cultural, marcou vidas, formou gerações de sucesso e ajudou a redefinir o ensino das humanidades no Estado.

Pouco afeita ao estrelato midiático, Zarinha sempre preferiu a profundidade das bibliotecas e o habitat cultural aos holofotes das entrevistas. Justamente por isso surpreendeu quando aceitou – a convite do amigo e colunista do Mercado em Movimento, Láuriston Pinheiro – um raro encontro com ele para o nosso videocast. O cenário não poderia ser outro: uma biblioteca na casa da professora, com estantes repletas de clássicos e lembranças de viagens por vários continentes em busca de arte e saberes excepcionais, que sempre compuseram o universo cotidiano da professora.

Ao longo da conversa, Zarinha detalhou sua filosofia de trabalho e recordou as passagens mais importantes de sua formação profissional. Sempre atenta a detalhes e à grandeza dos sonhos dos estudantes, para ela, ensinar jamais foi ato meramente técnico. É, antes, missão de ampliar horizontes, cultivar a autonomia intelectual e insuflar nos jovens o gosto apurado pela cultura, pelo pensamento crítico e pela beleza encontrada nas artes. O Centro de Cultura fundado por Zarinha evoluiu, assim, como um espaço complementar de formação sofisticada: não um curso preparatório tradicional, mas uma trilha de descobertas, debates e vivências — inclusive internacionais — tidas como fundamentais para a lapidação de cidadãos com repertório plural.

Sua longa carreira foi também marcada por encontros e amizades históricas com alguns dos maiores nomes da literatura nacional. Zarinha gozava do respeito e da amizade, por exemplo, de Jorge Amado e Zélia Gattai, casal referência da intelectualidade brasileira. E também é admirada por nomes atuais, como a escritora Carla Madeira, a mais lida na atualidade aqui no país. Em suas viagens com alunos, especialmente pelo exterior, Zarinha inovou ao propor roteiros culturais que misturam o aprendizado acadêmico ao encantamento da descoberta “in loco”. Museus famosos, teatros e outros espaços deixaram de ser apenas páginas de livros e passaram a ser cenários reais, vividos em primeira pessoa por estudantes de várias idades.

A leitura dissipa a solidão. A leitura derruba o obscurantismo. A leitura fecunda sua imaginação. A leitura fertiliza sua linguagem.

Seu legado permanece visível em cada ex-aluno que, ao redor do mundo, carrega a marca do pensamento livre, do gosto pela leitura e da curiosidade aguçada. Zarinha, assim, segue sendo muito mais que uma professora: é uma inspiração permanente para quem acredita que a educação pode, sim, ser o que há de mais transformador na vida de uma pessoa. Por isso, estamos diante de uma conversa valiosíssima e inspiradora. É praticamente impossível assistir sem guardar uma provocação, uma dica de livro ou filme; ou até mesmo algumas aspas que vão nos perseguir dali em diante. É só clicar no vídeo e se deleitar.