Assessor da Secretaria de Agricultura da Paraíba, ‘Júnior do Peixe’ é citado na CPI do INSS
O assessor técnico de projetos da Secretaria de Agropecuária e Pesca da Paraíba, Júnior do Peixe, entrou no radar da CPI do INSS. Nesta segunda-feira (30), ele foi citado pelo relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), durante o interrogatório do presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes.
Jerônimo Arlindo da Silva, nomeado assessor em agosto pelo governador João Azevêdo (PSB), atuou anteriormente como diretor da Conafer, uma das entidades investigadas por suspeitas de fraude no INSS. Ele também já atuou como secretário do deputado federal Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara.
O relator questionou o presidente da Conafer sobre a contratação de Júnior do Peixe e seu papel na entidade. Segundo a CPI, ele recebia R$ 40 mil mensais da confederação. “É um conhecido de muito tempo, é um nobre quadro, novo, proeminente e é um jovem promissor”, disse Carlos Roberto Ferreira Lopes.
De acordo com o presidente da entidade, Júnior do Peixe era responsável pela “organização e modernização dos termos de adesão” junto ao INSS. Ferreira Lopes, no entanto, não soube responder ao ser questionado sobre o repasse de R$ 900 mil para uma associação supostamente ligada a Jerônimo Arlindo: “Não sei, senhor, desconheço”, afirmou.
Apesar dos questionamentos, o relator não fez nenhuma afirmação sobre a conduta de Júnior.
Carlos Roberto Ferreira Lopes acabou preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (30), enquanto prestava depoimento à CPMI do INSS. Ele negou envolvimento em fraudes nos descontos de aposentados e afirmou desconhecer detalhes de operações de pessoas e empresas ligadas à entidade, investigadas por irregularidades.
As investigações
Uma reportagem do Jornal Nacional, veiculada em maio deste ano, revelou detalhes das investigações com exclusividade.
Segundo a matéria, a Conafer foi a entidade que mais aumentou o volume de descontos em benefícios do INSS entre 2019 e 2024. Uma testemunha-chave afirmou que documentos foram adulterados para viabilizar a retirada indevida de dinheiro de aposentados.
Em números absolutos, os descontos indevidos saltaram de R$ 400 mil por ano, em 2019, para R$ 57 milhões em 2020 e R$ 202 milhões em 2023, de acordo com dados da Controladoria-Geral da União (CGU).
Antes de atuar como diretor da Conafer, Júnior do Peixe trabalhou no gabinete do deputado Hugo Motta, entre outubro de 2020 e março de 2021, como secretário parlamentar.